LITTLE ROCK, Arkansas – A mesa tecnologia que revolucionou a
operação das caixas registradoras – o código de barras – está
virando ferramenta anticapitaista nas mãos de ativistas da
Internet.
Os militantes despertaram a ira da Wal-Mart, a gigante do varejo,
com um website que encoraja os consumidores a atribuírem seus
próprios preços aos produtos, colando sobre eles etiquetas com
preços mais baixos oferecidos para download.
A Wal-Mart tratou a iniciativa como um casso de roubo e enviou
uma carta no último dia 2 a uma das empresas que hospeda o website,
Re-code.com. Os operadores do site desabilitaram o link para uma
página do site onde os usuários podiam imprimir folhas com uma
seleção de códigos de barras adulterados. "Nossos advogados nos
aconselharam a remover essas informações por enquanto", disse um dos
militantes, que se identifica apenas como Nathan Hactivist e
respondeu com um telefonema a um pedido por entrevista feito por
e-mail.
O Re-code.com ainda oferece um banco de dados com códigos de
barras que podem ser copiados e colados em aplicativos de impressão.
Hactivist diz não saber se alguém chegou a usar os códigos. O
objetivo o site, declara, é fazer com que as pessoas discutam o modo
como os preços são definidos. Segundo ele, a Wal-Mart é um bom alvo
por assumir uma postura anti-sindicalista e prejudicar lojas menores
com sua política de preços.
Um vídeo bem-humorado no site recomenda que o consumidor use
caixas self-service, um fenômeno relativamente recente, para evitar
ser descoberto pelo operador. O site também exibe, com destaque, a
carta ameaçadora da Wal-Mart.
Hactivist diz morar "no norte do Estado de Nova York", mas se
recusou a dar informações mais específicas. O site está registrado
em nome de Mike Bonnano em Loudonville, no mesmo Estado. Bonnano
disse não estar entre os ativistas responsáveis pelo site, mas
manifestou interesse em arriscar ser seu dono legal.
Tom Williams, porta-voz da Wal-Mart, disse que os ladrões já
usaram códigos de barras falsos no passado, e que a empresa não quer
pessoas usando um website para imprimi-os em etiquetas. Segundo Burt
Flickinger, diretor da empresa de consultoria Strategic Resource
Group de Nova York, os furtos cometidos por funcionários já são um
problema bastante grande para as redes varejistas, e é parte do
motivo pelo qual 15 das cem maiores cadeias de lojas dos EUA faliram
no último ano.
Bonnano, o responsável pelo registro do website, pertence ao
grupo The Yes
Men, uma entidade que prega peças nas grandes corporações. Uma
das pegadinhas mais conhecidas do grupo foi enviar um membro
disfarçado de representante da Organização Mundial de Saúde a um
congresso da indústria têxtil na Finlândia, onde ele apresentou uma
palestra falsa.
Os códigos de barras foram introduzidos nos supermercados
americanos em 1974 e hoje são comuns no mundo todo. Além de acelerar
as operações no caixa, o sistema ajuda nos inventários de estoque.
As empresas agora tentam trocar os códigos de barras por "etiquetas
inteligentes", pequenos chips que podem ser identificados por rádio
a curta distância.